No ritmo de vendas em que o mercado segue atualmente, com crescimento médio anual de 14% nos últimos seis anos, o Brasil terá, em quatro anos, um automóvel para cada quatro habitantes, proporção que se aproxima da existente em países desenvolvidos. Hoje, o País tem 6,9 habitantes por carro em circulação. Alemanha, Japão, Reino Unido, França, Espanha e Canadá têm entre 1,9 e 1,6. Nos Estados Unidos, a paridade já é de 1,2 habitante por veículo.
É esse potencial de crescimento, diante de mercados maduros praticamente esgotados, que tem atraído ao Brasil investimentos de todas as grandes montadoras. Ford, General Motors, Renault e Volkswagen anunciaram aportes de R$ 13,2 bilhões para os próximos cinco anos. Toyota e Hyundai estão construindo fábricas no interior de São Paulo. A chinesa Chery avalia um local para se instalar. Até a japonesa Mazda encomendou estudo de viabilidade para entrar no País.
A relação de quatro habitantes por automóvel em 2014 leva em conta a venda de 4 milhões de veículos, conforme cálculos do presidente da Volkswagen, Thomas Schmall. Este ano, a previsão dos fabricantes é de 3,4 milhões, 9,3% mais que o volume de 2009. “O mercado brasileiro deve crescer 28% nos próximos quatro anos”, aposta o executivo, que reserva para a Volkswagen uma participação de 25% nesse bolo.
A PriceWaterhouseCoopers tem uma conta próxima da de Schmall. Pelos cálculos da consultoria, em 2014 o Brasil terá 4,8 habitantes por veículo, proporção que irá a 3,4 habitantes em 2018. Marcelo Cioffi, sócio da empresa, lembra que alguns Estados brasileiros já atingiram essa paridade. São Paulo tem 3,6 habitantes por carro, segundo cruzamento de dados do Denatran (frota) e do IBGE (população). O Distrito Federal tem a menor relação – 3,2 habitantes por veículo, enquanto o Maranhão tem a maior, de 33,8.
Entre os países da América do Sul, a Argentina é a que tem a menor relação, de 4,8 habitantes por veículo, mas tem uma frota estimada em 8,3 milhões de veículos, enquanto a do Brasil passa de 20 milhões só em automóveis. Em 1997, a paridade do País era de dez por um.
No grupo Bric, o Brasil tem a melhor posição. A China, que nos últimos anos vem despejando avalanches de carros no mercado, em menos de dez anos passou de uma proporção de 100 para 29 habitantes por veículo, enquanto a Índia tem 67. Não há dados da Rússia.
Para Cioffi, além da questão demográfica, os integrantes do Bric experimentam crescimento econômico não visto nos demais países, que enfrentam estagnação ou queda de vendas por causa da crise financeira. “Há um efeito multiplicador no Brasil, com a ampliação da classe C, muitos com acesso ao primeiro carro e outros, com renda melhor, comprando automóveis mais sofisticados.”
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, não vê riscos de o País deixar de ser atrativo para investidores internacionais quando a paridade de habitante por carro for ampliada. “Ainda haverá grande mercado para reposição”. Os EUA, apesar da relação de 1,2 habitante por veículo, vendeu 10 milhões de unidades no ano passado. A posição de quinto maior fabricante mundial, conquistada pelo Brasil há dois anos, vai se consolidar, diz Schneider.
Para o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, o Brasil seguirá com grande potencial de crescimento. Pelos seus cálculos, para ter a densidade da Argentina, a frota nacional precisa crescer em 15 milhões de veículos, o que significaria cinco anos de vendas acumuladas. “Para ter a mesma densidade da Europa, a frota precisaria crescer em 75 milhões de veículos, ou 25 anos de vendas anuais de 3 milhões de unidades.” A frota brasileira é estimada em 27 milhões de veículos, sendo 22 milhões de automóveis.O Estado de S. Paulo
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