Equipamento foi instalado pela CET na Zona Oeste de SP.
Morador recebeu 17 multas e está prestes a perder carteira de habilitação.
Moradores de um prédio localizado na Rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, pretendem entrar na Justiça contra multas registradas por um radar instalado em março a poucos metros da garagem utilizada por eles. Os vizinhos dizem que pelo menos 720 multas já foram aplicadas contra os usuários das 190 vagas do estacionamento -- 140 são moradores de um mesmo edifício e 40 mensalistas.
Assista ao vídeo:
O problema, de acordo com os moradores, é que os motoristas saem da garagem e têm de entrar em uma faixa exclusiva para ônibus. A infração rende três pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 53,20.
Por causa das 17 infrações indicadas pelo equipamento, o analista de sistemas Túlio Brasileiros Vargas, de 26 anos, deve ter 51 pontos na carteira de motorista. As multas somam R$ 904,40. Ele pretende contratar um advogado.
“Nunca levei uma multa em oito anos que tenho CNH. Agora, estou refém dos pontos. A pontuação ainda não foi feita, mas num prazo curto não vou poder mais dirigir. E, no meu trabalho, preciso fazer visitas a clientes”, conta.
“Como todos, entrei com recurso que foi indeferido, só que agora vou ter que entrar com advogado porque tenho mais de R$ 900 em multas. Quando não puder mais dirigir não vou sair da lei, mas não sei o que vou fazer”, diz o analista de sistemas.
Os moradores e mensalistas contam que o problema é atravessar a faixa exclusiva para os ônibus, já que o movimento de carros é grande, os ônibus não contribuem e os motoristas acabam buzinando muito. “O problema é que a primeira faixa de quem sai do local é exclusiva para ônibus. Para os moradores, na maioria das vezes, é inevitável trafegar na via para atravessar a pista”, explica o administrador da garagem, Milton Trevisan, de 62 anos.
“Desde o início, entramos com 720 processos na CET [Companhia de Engenharia de Tráfego], cada um equivalente a uma multa, e todos foram indeferidos. Agora, um grupo de pessoas, com no mínimo quatro notificações, vai entrar com advogado para conseguir uma liminar. Quem tem menos multas pagou e entrou de novo com recurso na CET”, completa.
Recurso negado
Camila Lucchesi é mensalista e foi multada três vezes. Ela conta que, após ter recebido as notificações, entrou com recurso, que foi negado. Na segunda-feira, 9 de agosto, teve que pagar as autuações, no total de R$ 159,60, para então recorrer novamente.
“Todos os recursos foram negados pela CET e o motivo que veio escrito no boleto foi ‘Rejeitado administrativamente. Mérito Jari’. Pesquisei no site deles, descobri que a multa só pode ser avaliada pela Junta Administrativa de Recurso de Infrações e teria que pagar todas para só então entrar de novo com recurso. Só recebo o dinheiro de volta e anulação dos pontos se o processo for deferido”, diz Camila.
Cada multa tem o valor de R$ 53,20. A síndica do prédio, Rose Corrêa, foi a primeira a receber a autuação. “Liguei para a CET para reclamar, então várias equipes vieram aqui para medir a distância da saída da garagem ao radar, que tem uns 20 metros”, reclama Rose, que também pagou por três multas e aguarda resposta do segundo recurso.
O advogado Rubens de Arbelli, que pretende entrar com uma ação ordinária de nulidade de multas e não pontuação das carteiras de habilitação, já fez contato com 46 pessoas, que juntos têm 162 autuações. “Quando fechar o grupo, pretendo entrar com pedido de liminar numa ação coletiva, enquanto tramita a ação", afirma.
Resposta
A CET informa, por meio de nota, que o radar na Rua Teodoro Sampaio "permanece instalado e fiscalizando infrações por excesso de velocidade, rodízio municipal de veículos e restrições de caminhões" e, desde maio, não registra invasão na faixa exclusiva.
O texto diz ainda que o motorista que não concorda com o indeferimento das multas em primeira instânia pode entrar com recurso em segunda instância, que deve ser julgado pelo Conselho Estadual de Trânsito.
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