A alta concentração de veículos, associada ao fluxo pequeno de pedestres, é o principal atrativo para os criminosos que furtam carros em Bauru. Com isso, as ruas um pouco afastadas, mas ainda próximas de estabelecimentos comerciais, bares e restaurantes - onde os motoristas costumam estacionar pela falta de vaga em um ponto mais movimentado - são os locais mais propícios à ocorrência deste tipo de crime.
Ainda como alvo preferencial dos bandidos, que atuam principalmente à noite e durante a madrugada, estão os veículos com pouca ou nenhuma proteção antifurto, principalmente se forem modelos populares fabricados entre 1980 e 1993. Os dados fazem parte de um estudo do Comitê de Furtos de Veículos da Polícia Militar (PM) de Bauru, criado em novembro do ano passado devido ao aumento deste tipo de crime, à época, na cidade.
Sem divulgar números do levantamento, o chefe do comitê e comandante da 4.ª Companhia da PM, capitão Paulo César Valentim, revela que pontos menos movimentados de ruas importantes como Antônio Alves, Gustavo Maciel, Rafael Pereira Martini, Campos Salles e imediações do Bauru Shopping têm sido palco da ação de ladrões de carro. De modo geral, o crime ocorre quando o motorista se nega a pagar estacionamento particular e, mesmo sem dispor de sistemas de proteção para o veículo, estaciona fora do alcance de visão da maioria dos transeuntes.
“São lugares específicos dessas e de outras vias, exatamente onde se concentram muitos veículos, mas onde não há grande circulação de pessoas. Ali o criminoso escolhe o carro mais fácil para levar, com maiores chances de não ser percebido”, comenta.
A mesma situação ocorre, nos finais de semana, em ruas transversas da avenida Getúlio Vargas e Nações Unidas, que abrigam uma grande quantidade de bares e restaurantes, mas não comportam os veículos de todos os frequentadores. “Com o crescimento da frota de veículos, cada vez é mais difícil estacionar. E, como não há vagas, o motorista acaba parando o carro em ruas das redondezas, geralmente mal iluminadas e quase sem nenhuma segurança”, aponta o secretário do Conselho Comunitário de Segurança Centro/Sul (Conseg Centro/Sul) Pellegrino Bacci Neto.
Sustento do vício
Valentim explica que a maioria dos crimes é cometida para o aproveitamento de apenas algumas peças do carro que, via de regra, é abandonado posteriormente em algum lugar ermo. Segundo o capitão, os ladrões, em sua maioria usuários de drogas, costumam retirar o jogo de rodas, estepe, bateria e aparelho de som do veículo furtado para revenda no mercado negro, como forma de sustentar o vício.
“As peças de carros populares são muito visadas porque têm grande aceitação em lojas de comércio ilegal de produtos automotivos. Por isso, além de redirecionar o policiamento para os locais onde os furtos mais ocorrem, também aumentamos as operações para identificar esses estabelecimentos”, afirma o comandante.
A partir do levantamento, Valentim destaca que a ação policial se tornou mais eficiente e o número de pessoas detidas por furto de veículos sofreu um ‘boom” nos últimos meses. Um caso recente que ganhou repercussão na imprensa foi o de um garoto de 12 anos que, em apenas nove meses, foi apreendido oito vezes por furtar motocicletas.
Na época, a mãe do menino comentou que suspeitava que o filho era usuário de drogas. Como o crime não constituía caso de grave ameaça contra pessoa, ele não foi apreendido e deixou a delegacia após ser entregue aos pais.
“O que a gente tem percebido é que as pessoas que estão sendo presas pela PM são criminosos contumazes. Tivemos um caso em que o detido tinha mais de 10 boletins de ocorrência contra ele. Isso significa que, ao prendê-lo, certamente estamos prevenindo os vários crimes que ele viria a cometer se estivesse em liberdade”, pontua o capitão.
Bacci Neto lembra que, atualmente, Bauru possui um dos menores índices de furto do Estado, quando comparada com cidades do mesmo porte. Para ele, no entanto, a PM ainda precisa aperfeiçoar seu policiamento preventivo para reduzir ainda mais esses níveis.
“A polícia tem feito o que pode com a estrutura que possui hoje. Mas, certamente, um número maior de viaturas circulando com regularidade nos pontos mais críticos implicaria em índices de furto bem menores”, pondera. Segundo ele, a contratação já efetivada de mais 10 mil PMs por parte do governo do Estado - ainda está em fase de treinamento - que serão distribuídos em todo o território paulista, poderá colaborar nesse sentido.
JCNET
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