quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Em três meses, houve 41 furtos no terminal aeroviário e em estacionamentos próximos



Um morador de Taguatinga de 24 anos tinha uma viagem agendada a trabalho. Na manhã de ontem, dirigiu o próprio carro até o Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitscheck e escolheu um dos estacionamentos públicos para deixar o veículo — voltaria do Rio de Janeiro ontem mesmo. Ao descer do carro, um Fiesta prata, um homem o abordou pelas costas. Segurou-o pelo braço e, com rispidez, anunciou o assalto. Era por volta das 9h. A vítima preferiu não reagir. E entregou a carteira, o aparelho de celular e o relógio. A viagem profissional acabou perdida.

O crime ocorreu ontem no terminal aeroviário de Brasília e serviu para mostrar que o lugar aparentemente seguro acumula histórias de medo e insegurança. Levantamento do posto da Polícia Civil do DF no aeroporto revelou que houve 54 ocorrências nas imediações do local nos últimos três meses. Casos de furtos (sem ameaça) lide-ram as estatísticas. Foram 41 diversos (celular, notebook, baga-gem, documentos), cinco em interior de carros e quatro de veículos. Mas ocorreram quatro roubos (com ameaça ou violência).

A responsável pela unidade, delegada Naice Landim, disse que a criminalidade na região varia de acordo com a época do ano. Em períodos de férias, por exemplo, os ataques tendem a aumentar. “É sazonal. Atuamos no local, mas também precisamos que os próprios passageiros tomem cuidado. Muitos chegam relaxados demais ao aeroporto, pois estão em férias ou algo assim. Precisam saber, porém, que aeroportos atraem pessoas que vão lá atentas a um vacilo do dono de uma mala ou de um notebook”, alertou.

O aumento dos casos a cada fim e início de ano fez com que a polícia promovesse no aeroporto a Semana da Segurança, em dezembro de 2008. “Os furtos de objetos são mais comuns do que as abordagens com violência. As pastas com notebooks são furtadas com frequência. Também não se deve sentar para ler jornal ou tomar café sem ficar atento ao carrinho”, acrescentou a delegada.

Os estacionamentos públicos do aeroporto também são visados. Além de ficarem mais afastados da área de embarque e desembarque, estão longe das câmeras espalhadas pelo saguão. Funcionários do terminal traba-lham com receio de os carros sofrerem algum tipo de arrombamento, pois a maioria não tem condições de pagar R$ 125 por mês para deixar o veículo no único estacionamento pago do local.

Preocupação

O agente de viagens Fábio Henrique Silvano, 27 anos, mantém o aparelho de som trancado dentro do porta-luvas. Não tem travas especiais no carro. Conta apenas com um alarme. Há três dias, viu um veículo sem os quatro pneus estacionado perto do dele, no estacionamento público. Apesar de nunca ter sido assaltado, sempre ouve reclamações de colegas de agência. “É um risco, mas ninguém tem como pagar tanto para deixar no estacionamento pago”, avaliou.

Outro funcionário do terminal receoso com ataques de ladrões de veículos trabalha há seis anos no aeroporto. O tempo mostrou a Célio Monteiro da Silva, 30 anos, que os bandidos preferem carros com acessórios caros. Tanto que o Corsa dele tem rodas simples e nenhum equipamento chamativo. “Ouço histórias de assalto direto. Já me levaram um aerofólio. Depois disso, não coloquei mais nada. E rezo sempre para o meu carro estar aqui quando voltar”, contou o agente de aeroporto.

O Correio passou cerca de duas horas no Aeroporto de Brasília. Não identificou nenhum tipo de policiamento ostensivo. Apenas um policial de trânsito aplicava multas na área de desembarque. O tenente-coronel Alair Garcia Júnior, comandante do 5º BPM (Lago Sul), informou que, na tarde de ontem, duas ocorrências de roubo no Lago Sul concentraram as atenção da PM. “Temos de dar prioridade às áreas onde há mais ocorrências de risco à vida, mas há uma viatura e duas motocicletas para a área do aeroporto. Eventualmente, há policiamento a pé.”
Correio Brasiliense

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