Foi parar na Justiça a construção de uma calçada da fama em Santa Cecília (centro de São Paulo), inspirada na de Hollywood. Dois comerciantes da rua Canuto do Val, onde será instalada, processaram a prefeitura e pediram a suspensão das obras, iniciadas há um mês.
Eles argumentam que a lei que autorizou o projeto é inconstitucional e deveria ser revista porque, dizem, só beneficia uma pessoa: Lilian Gonçalves, proprietária da Rede Biroska, com cinco bares no lado ímpar do quarteirão --o mesmo onde ficará calçada da fama.
Foi ela que idealizou o projeto e arca com a maior parte dos gastos --colocação de piso, acabamento, arborização, luz. A prefeitura responde pela primeira etapa das obras --reposicionamento de guias e sarjetas-- com custo previsto de R$ 77 mil. Ao todo, 18 funcionários da subprefeitura da Sé trabalham na obra.
O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal em janeiro do ano passado, para homenagear "personalidades do meio artístico, cultural e esportivo". Duas estrelas, feitas em 2007, com os nomes do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual José Serra (PSDB), serviram de teste para os mais de 200 metros quadrados da calçada da fama.
A extensão continua por mais 25 metros da rua adjacente, contrariando o decreto, que diz que ela deve ser "implementada na rua Canuto do Val (...), ocupando o quarteirão compreendido entre as ruas Dona Veridiana e Fortunato".
Eles argumentam que a lei que autorizou o projeto é inconstitucional e deveria ser revista porque, dizem, só beneficia uma pessoa: Lilian Gonçalves, proprietária da Rede Biroska, com cinco bares no lado ímpar do quarteirão --o mesmo onde ficará calçada da fama.
Foi ela que idealizou o projeto e arca com a maior parte dos gastos --colocação de piso, acabamento, arborização, luz. A prefeitura responde pela primeira etapa das obras --reposicionamento de guias e sarjetas-- com custo previsto de R$ 77 mil. Ao todo, 18 funcionários da subprefeitura da Sé trabalham na obra.
O projeto foi aprovado pela Câmara Municipal em janeiro do ano passado, para homenagear "personalidades do meio artístico, cultural e esportivo". Duas estrelas, feitas em 2007, com os nomes do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o atual José Serra (PSDB), serviram de teste para os mais de 200 metros quadrados da calçada da fama.
A extensão continua por mais 25 metros da rua adjacente, contrariando o decreto, que diz que ela deve ser "implementada na rua Canuto do Val (...), ocupando o quarteirão compreendido entre as ruas Dona Veridiana e Fortunato".
Estacionamento
A obra alargou em dois metros a calçada, que passa a ter seis metros de largura. A CET diz que a passagem de carros não foi comprometida porque compensou o espaço com a retirada de estacionamentos zona azul, do lado oposto da rua.
Essa é a principal reclamação dos comerciantes e moradores. A opção para quem quiser parar o carro na rua será o prédio com oito andares de garagem e capacidade para 250 carros que a mesma Rede Biroska ergue no meio do quarteirão.
A troca desagradou comerciantes, que temem perder clientes com o custo maior do estacionamento. "Vai ser a única opção, e tenho certeza que ela não vai cobrar preço de zona azul", diz Nilson Pereira, 34, sócio de uma escola de idiomas e um café.
Um abaixo-assinado, anexado ao processo, reuniu cerca de 250 moradores, que também reclamam de não terem sido consultados e de a atração poder trazer mais barulho noturno e congestionamento na rua.
A Folha conversou com oito moradores, todos contrários à obra. "Não fomos consultados, todo mundo paga imposto igual. Agora a gente vai dormir menos ainda", disse a socióloga Ione Salvestrini, 65.
Além da rede de bares, há cinco comércios no quarteirão, que ainda possui seis prédios residenciais e duas casas. A dona da cantina na esquina, Tatiana Burtzlaff, 26, foi a única dos cinco comerciantes que aprovou a calçada da fama: "Vai atrair pessoas para a rua e elas virão consumir aqui".
Leonel Pacheco, 61, proprietário da loja de roupas da rua, discorda: "Isso pra mim é prejuízo total, só tende a piorar o movimento". Ele calcula que o movimento de clientes caiu em 20% desde o início das obras.
Essa é a principal reclamação dos comerciantes e moradores. A opção para quem quiser parar o carro na rua será o prédio com oito andares de garagem e capacidade para 250 carros que a mesma Rede Biroska ergue no meio do quarteirão.
A troca desagradou comerciantes, que temem perder clientes com o custo maior do estacionamento. "Vai ser a única opção, e tenho certeza que ela não vai cobrar preço de zona azul", diz Nilson Pereira, 34, sócio de uma escola de idiomas e um café.
Um abaixo-assinado, anexado ao processo, reuniu cerca de 250 moradores, que também reclamam de não terem sido consultados e de a atração poder trazer mais barulho noturno e congestionamento na rua.
A Folha conversou com oito moradores, todos contrários à obra. "Não fomos consultados, todo mundo paga imposto igual. Agora a gente vai dormir menos ainda", disse a socióloga Ione Salvestrini, 65.
Além da rede de bares, há cinco comércios no quarteirão, que ainda possui seis prédios residenciais e duas casas. A dona da cantina na esquina, Tatiana Burtzlaff, 26, foi a única dos cinco comerciantes que aprovou a calçada da fama: "Vai atrair pessoas para a rua e elas virão consumir aqui".
Leonel Pacheco, 61, proprietário da loja de roupas da rua, discorda: "Isso pra mim é prejuízo total, só tende a piorar o movimento". Ele calcula que o movimento de clientes caiu em 20% desde o início das obras.
Outro lado
O diretor da rede Biroska, Wesley Machado, diz que todas as instâncias da prefeitura envolvidas com a obra foram consultadas e que o empreendimento possui todas as aprovações necessárias.
Ele acredita que a perda de vagas da zona azul será compensada pela construção do estacionamento de oito andares que está sendo erguido na rua. "Vai ser cobrado, mas podemos fazer convênio com os vizinhos, principalmente os comerciantes que estão ao lado."
Ele diz que a calçada da fama é uma idéia antiga da rede e seu objetivo é homenagear pessoas que fazem parte da história do Brasil e beneficiar o bairro."Quero ver se daqui a três meses os comerciantes vão reclamar do número de pessoas que vão entrar em suas lojas."
Segundo ele, a calçada da fama já está valorizando os imóveis da região. "Se alguém comprar um imovel hoje, já paga o preço da valorização". Entre os investimentos feitos para a calçada, ele lista a iluminação "diferenciada", vigilância 24 horas com circuito de câmeras e aumento do turismo.
A prefeitura disse que o projeto segue as normas de padronização de calçadas.Disse ainda que a continuação da calçada pela rua Veridiana é uma "adequação geométrica" que precisa ser feita, para não interromper abruptamente o desenho da calçada. A calçada da fama também terá que continuar pela rua Fortunato, pela mesma razão.
Segundo a CET, o alargamento da calçada será compensado pela extinção do estacionamento Zona Azul, mantendo mesmo número de faixas de circulação para os motoristas.
"A capacidade viária da Rua Canuto do Val não será afetada e as vagas serão substituídas conforme avaliação da CET após a conclusão da obra. Durante a obra, do lado esquerdo, estão desativadas as vagas de carga e descarga."
FOLHA DE SÃO PAULO
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