Para não ter problema na roleta russa do carro usado, você vai a uma concessionária e sai com um zerinho tinindo de novo. Acabaram-se os seus problemas? Para uma parcela desconhecida dos consumidores, eles somente recém começaram, pois inicia uma romaria de defeitos intermináveis, cujos prejuízos acabam ficando na conta do próprio usuário.
Assim como as montadoras estão mais ou menos equiparadas tecnologicamente, que praticamente não se pode dizer que alguns produtos são melhores do que outros, também é verdade que eventualmente um consumidor “premiado” fica com um “abacaxi” nas mãos, um carro zero que apresenta todos os problemas, que na maioria não ocorrem em toda a vida útil.
O que justificaria um veículo novo enguiçar recorrentemente? Seria azar, a maldição da segunda-feira, entropia, carma, lua nova ou mal olhado? Ou o “sortudo” caiu no sorteio do futuro recall? Enquanto isto, apreciem o de um feliz proprietário de carro zero em sofrimento prévio antes do recall que a montadora se viu obrigada a fazer.
Causas prováveis do bichado zerado, desde Lua Nova a mal olhado.
Todo mundo conhece a maldição da segunda-feira, quando as pessoas se arrastam para os locais do trabalho e se resignam a deixar o dia passar, enquanto assimilam as ressacas e se recuperam dos cansaços. Na indústria automobilística não poderia ser diferente: talvez alguns veículos finalizados numa segunda, nasçam sob o estigma do gosto amargo de rolha na boca.
A lua nova entra no rol das justificativas astrológicas porque, segundo antigas crenças, qualquer coisa feita no dia auge da lua nova, apodrece certamente. Sob este ponto de vista, todos os veículos finalizados durante um dia por mês, ou seja, o ponto em que a lua é 100% nova, teriam altas probabilidades se saírem bichados de fábrica.
Quando o sujeito se torna amissíssimo do guinchador...
Independentemente da causa, a verdade é que o “felizardo” leva para casa uma dor de cabeça sem tamanho, e ao cabo de algum tempo vira compadre do guinchador, de tanto peregrinar no entra-e-sai da oficina.
Por incrível que pareça, as montadoras se eximem da responsabilidade do reconhecimento dos veículos bichados. Talvez, pelo fato da pequena monta dos carros irreversivelmente problemáticos ser irrisória, elas prefiram empurrar com a barriga a questão, mesmo que seja até às barras dos tribunais, pois a troca do bichado por um novo implicaria em prejuízos maiores.
De quem é a culpa? Sempre o lado mais fraco termina pagando o pato.
Enquanto isto, os donos de carros bichados ficam à deriva, sabendo que cedo ou tarde terão que despender uma grana preta para trocar por outro que funcione. O que fazer? Passar adiante o pepino aparentemente tem sido a melhor solução, mesmo à custa de prejuízos consideráveis, afinal, a saúde psicológica não tem preço.
A solução escolhida por alguns consumidores é entrar na justiça contra a concessionária que se recusa a trocar o zero bichado. Esta alternativa esbarra nos custos do processo, na lentidão da justiça e na incerteza da demanda. Por isso...
» 10 anos depois o consumidor consegue na justiça trocar carro novo com defeito.
Carro novo com defeito foi trocado... hahaha, brincadeirinha!
Desafio qualquer um a pesquisar no Google por “carro novo defeito” e me mostrar casos de consumidores que tiveram seus veículos trocados e foram ressarcidos por danos pecuniários e morais em até 60 dias após a compra, sabendo-se que os primeiros 30 dias estão mortos por ser o tempo que o código do consumidor destina à concessionária para sanar os defeitos, chamados "vícios" em jurisdiquês.
Para finalizar, cito o caso bizarro de um cidadão que além de comprar um zero bichado, teve o azar de pegar um com o chassis adulterado, aí é dose!
blogdopaedia
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