quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O nó de estacionar no comércio de rua



Ruas congestionadas, filas extensas de veículos, briga por uma vaga. Quem tenta estacionar no Centro do Recife, principalmente pela manhã, nessa época que antecede o Natal, precisa ter sorte e muita paciência.
Entorno do Mercado de São José é sinônimo de sufoco para os motoristas.

A situação que já é bastante tumultuada o ano inteiro, fica ainda mais complicada nessa época por conta das compras antecipadas. Nas duas últimas semanas já foi constatado um aumento de cerca de 20% na movimentação de alguns edifícios-garagem e estacionamentos particulares no centro. As 2.320 vagas insuficientes de Zona Azul são disputadas praticamente a tapas nas ruas apertadas do comércio mais popular. O folheto é vendido por R$ 2 pelos flanelinhas, o dobro do valor pago em pontos oficiais. Quem preferir, pode desembolsar, no mínimo, R$ 3 por duas horas de permanência em estacionamento particular, caso encontre uma vaga.

Ontem, o Diario percorreu as principais ruas do centro e observou que a batalha para estacionar continua sendo um dos maiores problemas do recifense e que afasta o consumidor do comércio de rua. Segundo estimativas do Departamento Nacional de Trânsito (Detran), somente no Recife, são mais de 500 mil carros registrados.

Resta, então, esperar por uma solução do poder público. Um dos projetos da Prefeitura do Recife para desafogar o trânsito e criar mais vagas de estacionamentos nas ruas do centro ainda não saiu do papel. Em março passado, a prefeitura anunciou que daria incentivos fiscais para empresários que quisessem investir na construção de edifícios-garagem para tenta reduzir o déficit de vagas. "Estamos avaliando o impacto dessa medida na receita da prefeitura. Só no próximo ano teremos condições de desenvolver a ideia e ter certeza se ela será viável", explicou o prefeito João da Costa. Enquanto a prefeitura não oferece outra alternativa, a população se vira como pode nas ruas.
A autônoma Vera Lúcia mudou seu hábito e só sai de casa antes das lojas abrirem para fugir da confusão. A autônoma Vera Lúcia Rodrigues, 46 anos, resolveu sair mais cedo de casa para não ter tanta dificuldade em estacionar no centro quando precisa fazer compras. "Inverti o meu horário. Antes, chegava por volta das 11h. Agora, já saio de casa logo depois das 7h para pegar as lojas abrindo. Tenho mais tranquilidade e fujo um pouco de toda a confusão", disse a autônoma que, às 11h de ontem, deixava o estacionamento Zona Azul, próximo à Rua das Calçadas, no Cais de Santa Rita. Enquanto Vera Lúcia saía, o empresário Ademir Gomes da Silva, 60, tentava arranjar uma vaga para estacionar seu carro. Como não conseguiu, decidiu aguardar a mulher dentro do próprio veículo. "Às vezes é melhor vir de táxi do que ficar desse jeito se arriscando a levar uma multa", lamentou. Para a infração mais leve, a multa equivale a R$ 53,20, além de 3 pontos negativos na carteira.

Na Rua da Praia, perto do Mercado de São José, a situação estava bem complicada na manhã de ontem. Lá, os guardadores de carro contaram que presenciam brigas de motoristas pelas vagas da Zona Azul. "As pessoas batem boca quando só tem uma vaga e um deles estaciona primeiro", disse o flanelinha José Maria de Andrade, 36, que há sete anos trabalha vendendo folheto. Nos últimos dez dias, ele observou um aumento da procura por vaga. "Acho que é por conta do Natal, não é?", ingadou. Nesta época do ano, os guardadores de carro costumam faturar até R$ 500, por semana.

Mas para quem vai de carro às ruas do bairro de São José e Santo Antônio, uma opção pode ser o estacionamento embaixo do Viaduto do Forte das Cinco Pontas, que é mantido pela prefeitura de segunda à sexta-feira. Lá, a taxa é de R$ 3, o dia, um pouco mais em conta se comparada aos estacionamentos particulares do centro, que chegam a cobrar R$ 2 por meia hora. O problema é encontrar uma vaga. "O estacionamento tem capacidade para 120 veículos, mas nesta época do ano está sempre cheio", informou o funcionário Paulo Henrique Barbosa.

Já para quem vai para às ruas da Imperatriz e Sete de Setembro, na Boa Vista, e não quer se arriscar a deixar o veículo em qualquer lugar e ser multado, há dois estacionamentos particulares na Rua da Aurora. Um deles cobra R$ 3, porum período de cinco horas. A gerente do edifício garagem Central, na Rua da Aurora, Ana Katz, comentou que a procura por uma vaga no prédio é grande. "Mas, infelizmente, só trabalhamos com mensalistas", disse.

Diário de Pernambuco

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